Gomes Cravinho: Assembleia Geral da ONU marcada por uma crise sombria do multilateralismo – Economia

Gomes Cravinho: Assembleia Geral da ONU marcada por uma crise “obscura” do multilateralismo

O ministro identifica o acordo, ao quarto dia, sobre o Tratado de Alto Mar por mais de 40 países, incluindo Portugal, como o ponto alto da semana da Assembleia Geral da ONU,

O ministro dos Negócios Estrangeiros considerou que a “crise” do multilateralismo é uma “situação sombria” que o mundo atravessa por ocasião da 78.ª Assembleia Geral (AG) da ONU, apesar de progressos como a aprovação do Alto Mar Tratado.

Em entrevista à Lusa em Nova Iorque, durante a sexta feira, no final de uma semana de participação no debate anual da AG, o ministro João Gomes Cravinho descreveu o momento como “um pouco paradoxal”.

“A situação é obviamente sombria. O multilateralismo está em crise. Isto quer dizer que não podemos, através dos nossos dois compromissos nas instituições multilaterais, nomeadamente nas Nações Unidas, resolver os problemas que enfrentamos. Mas, por outro lado, por outro lado, “Não há outra solução. Porque outras soluções que aparecem são muito piores. E aqui o que se verifica é que, apesar da crise do multilateralismo, estão a ser feitos progressos em alguns casos”, disse Cravinho. Nesse sentido, o ministro identificou a posição, na quarta feira, do Tratado de Alto Mar por mais de 40 países, incluindo Portugal, como destaque da semana da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), bem como “o avanço mais importante do multilateralismo” na última década.

“Vamos ver como está a sobrevivência do planeta, vamos ver como estão os nossos compromissos em relação às alterações climáticas, vamos ver qual é o nosso compromisso em relação à espécie humana, fora tudo o que está aqui no mar. portanto, avançar, “um assunto que representa talvez o avanço mais importante no multilateralismo numa década”, declarou.

No lado oposto deste progresso alcançado, Cravinho destacou a paralisia do Conselho de Segurança da ONU devido ao facto de dois dos seus membros permanentes terem violado flagrantemente a Carta das Nações Unidas: “isto naturalmente fará com que me refira à invasão de “ Ucrânia para a Rússia”, disse ele.

“É por isso que vivemos tempos paradoxais. E pensamos que aqui o que é fundamental é que, no contexto de vivermos tempos difíceis, (…) tenhamos confiança no futuro. devemos ter confiança na nossa capacidade de raciocinar e avançar colectivamente. Felizmente, o Secretário-Geral da ONU [António Guterres] enfrentar todos os dias. “Acredito que ele merece todo o nosso respeito por continuar a defender o apelo do multilateralismo”, acrescentou.

Tal como no ano passado, a Assembleia Geral da ONU foi mais uma vez marcada pela guerra na Ucrânia e por vários assuntos relacionados, como o abandono por parte de Moscovo do acordo de cereais com a Ucrânia e o Mar Negro, que possibilitou a exportação de alimentos a partir de dois portos ucranianos.

Questionado pela Lusa sobre a possibilidade de revogação deste acordo, o ministro negou, afirmando que a Rússia tinha interesse em manter a paralisação desta iniciativa.

“Por um lado, a Rússia tem um interesse semelhante no facto de ser ela própria um grande exportador de cereais e, portanto, vê alguma satisfação no aumento dos preços dos cereais nos mercados internacionais. Por outro lado, ela acredita que deve fazer tudo para evitar qualquer prescrição para os ucranianos e, claro, não está nada preocupada com os seus efeitos noutras partes do mundo, em particular no continente africano, muito dependente dos cereais russos e ucranianos”, afirmou.

“Não temos da Rússia uma atitude de abertura ou de activismo acrescido no sentido da procura de soluções internacionais. Nem a presença de um país (…) reconhecido por todo o mundo como violador das Nações Unidas. as autoridades internacionais a produzirem argumentos absolutamente falaciosos sobre a invasão da Ucrânia”, criticou Gomes Cravinho.

Além do debate anual na ONU, o chefe da diplomacia portuguesa teve um encontro bilateral com Yván Gil, o seu homólogo da Venezuela, país como Portugal que tem vivido vários litígios.

“Temos vários assuntos para trabalhar como comunidade. Temos uma comunidade portuguesa muito grande na Venezuela. Temos preocupações com a normalização da situação política interna. Nesta medida não podemos naturalmente concordar com tudo o que está a acontecer na Venezuela. Venezuela. ,” disse.

“O velho ou meu colega venezuelano como interlocutor que trabalha com respeito – até mesmo de forma discordante – em busca de soluções, principalmente aquelas que são boas para a nossa comunidade”, acrescentou o governador.

Na semana passada, Portugal juntou-se à lista de 32 países costeiros atlânticos – de quatro continentes – que adotaram uma Declaração sobre Cooperação Atlântica. Os assinantes incluem ainda Angola, Brasil, Espanha, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Portugal, Reino Unido e Estados Unidos.

Em comunicado, o governo norte-americano informou que os países signatários estão comprometidos com uma “região atlântica pacífica, próspera, aberta e cooperativa”, enfrentando conjuntamente “desafios como a pirataria, o crime organizado transnacional, a pesca ilegal, as alterações climáticas, a poluição e a degradação .” Como exemplo do espírito de cooperação atlântica, o governo dos Estados Unidos cita, entre outros, o “Centro Atlântico” dos Açores, como “uma plataforma central para a análise de políticas inovadoras e pan-atlânticas, o diálogo político e a formação”.

Segundo Cravinho, esta Declaração do Atlântico, com forte liderança dos Estados Unidos, representa “uma extensão para o campo científico do trabalho que deve ser realizado no espaço atlântico”, acrescentando que os Estados Unidos têm um compromisso de 10 mil dólares. (9,37 milhões de euros) para trabalhos nesta área.

Suzana Leite

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