“Não estamos indo tão longe no momento.”

O presidente exige “responsabilidade” do PP após suas críticas e reitera sua condenação ao ataque iraniano contra Israel

MADRID, 15 de abril (EUROPA PRESSE) –

O novo Primeiro-Ministro português, Luís Montenegro, distanciou-se dos esforços do Presidente do Governo, Pedro Sánchez, para o reconhecimento conjunto por parte de vários países do Estado palestiniano, argumentando que neste momento não querem ir tão longe e que preferem que este passo seja dado no âmbito da UE ou da ONU.

Foi o que disse Montenegro na conferência de imprensa conjunta após encontro com Sánchez no Palácio da Moncloa. “Não vamos tão longe como outros governos neste momento em termos de reconhecimento porque consideramos que este consenso deve ser alcançado multilateralmente” dentro da UE e das Nações Unidas, explicou.

Neste sentido, o primeiro-ministro português afirmou que o seu país considerou apoiar a entrada da Palestina como membro de pleno direito da Assembleia Geral da ONU caso esta fosse colocada à votação, o que Sánchez também reafirmou que Espanha o faria se o fosse antes. Não há veto no Conselho de Segurança, que deve decidir primeiro.

“A nossa posição não é assim tão diferente”, insistiu Montenegro, expressando respeito pelo que outros países como a Espanha podem fazer. Embora tenha apoiado a solução de dois Estados, tal como Espanha, considerou que a prioridade deve agora ser o cessar-fogo e a entrada de ajuda humanitária face à “situação catastrófica” em Gaza.

Por sua vez, Sánchez sublinhou que a posição de Espanha “é firme, clara e inequívoca”, mas está a discutir com vários países, tanto dentro como fora da UE, “para que alguns de nós dêmos este passo juntos”.

A ESPANHA VAI DAR O PASSO PORQUE ESTÁ CERTO

Em qualquer caso, sublinhou, “o governo espanhol vai dar este passo, porque acreditamos que é certo e necessário poder lançar as bases que nos permitirão garantir a paz e a coexistência entre dois povos”.

No entanto, o Primeiro-Ministro apelou-nos a esperar para ver como decorrerão os debates na ONU sobre a entrada da Palestina e “a partir daí tomaremos a decisão”. Questionado sobre onde a Espanha instalará a sua embaixada depois de reconhecer a Palestina, Sánchez evitou esclarecer: “não vamos responder a todas as perguntas antes de reconhecer o Estado”.

Por outro lado, Sánchez reiterou a condenação do ataque levado a cabo pelo Irão contra Israel este fim de semana e voltou a apelar à “contenção” porque “ninguém quer uma escalada regional” com a qual “ninguém ganha e todos perdemos”.

Hoje, frisou, “abrem-se dois caminhos”. “Uma leva a uma escalada da guerra que pode levar-nos ao abismo e a outra envolve exigir um cessar-fogo de todas as partes, lançando imediatamente um processo de paz” e baseando-o na solução de dois Estados, aquela em que Espanha aposta. desde o primeiro momento.

O PRESIDENTE RESPONDE AO PP

Quanto às críticas ao PP precisamente pela sua condenação do ataque iraniano, depois de o líder da oposição, Alberto Núñez Feijóo, ter denunciado ter sido o último líder europeu a condenar, Sánchez respondeu que “a oposição decide fazer da oposição que ele considera”.

“Acredito que estamos perante um problema tão extraordinariamente grave e tão extraordinariamente complexo que o que peço é a responsabilidade de todos os actores políticos em Espanha”, afirmou, afirmando que a posição do Governo é partilhada “pela grande maioria dos cidadãos”. ”.

Assim, insistiu que o governo “defende a paz, a diplomacia e a legalidade internacional” e fê-lo da mesma forma no caso da invasão russa da Ucrânia, do conflito em Gaza e agora do ataque iraniano.

“Claro que quando houver novidades sobre este assunto, informarei toda a oposição”, garantiu, comprometendo-se também a fazê-lo quando for tomada a decisão de reconhecer a Palestina.

DISPOSIÇÃO PARA COOPERAR COM PORTUGAL

Numa outra ordem de coisas, o encontro entre Sánchez e Montenegro, que teve o seu primeiro destino fora de Portugal em Espanha após a posse, permitiu a ambos os líderes reafirmar a vontade de continuar a colaborar estreitamente tanto nas questões bilaterais como a nível europeu, depois do período de grande sintonia vivido com o anterior governo do socialista António Costa.

“As nossas boas relações bilaterais continuarão a fortalecer-se”, declarou o Presidente do Governo, que informou Montenegro que teria um “país irmão e amigo” em Espanha. “Somos dois países irmãos que partilham profundos laços históricos, sociais e culturais e muitos interesses e desafios comuns na Europa e no mundo”, disse ele.

Por seu lado, o político conservador português garantiu que “é um prazer” que ambos consigam “manter viva esta chama de ligação entre os nossos países, os nossos povos, os nossos governos”.

“Não há diferenças partidárias que possam pôr em causa, nem por um instante, nem por um segundo, a relação que construímos há séculos ao serviço do povo”, sublinhou, aludindo à sua diferente família política. “Nosso objetivo é trazer bem-estar ao nosso povo”, frisou.

Assim, Montenegro anunciou que a próxima reunião de alto nível (RAN) entre os dois países se realizaria na segunda quinzena de outubro, em Portugal, em data e local ainda a definir.

Alex Gouveia

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