A única livraria feminista em Portugal chega para abrir as portas às mulheres

Lisboa, 8 de setembro (EFE).- A única livraria feminista em Portugal acaba de chegar a Lisboa com um catálogo composto integralmente por autoras, com o objetivo de abrir as portas às obras escritas por mulheres e dar voz a quem há séculos Feito assim. não tenho nenhum. .

A Greta nasceu como uma livraria online graças ao crowdfunding e saltou para uma rua dos Anjos, um dos bairros mais alternativos de Lisboa com um vasto leque de projetos culturais, antirracistas, feministas e animalescos, entre outros.

Alberga hoje estantes com referências como Simone de Beauvoir ou Virginia Woolf, mas também figuras mais recentes, como Verónica Gago ou Koa Beck.

O nome não é uma coincidência nem se deve a alguma Greta famosa, mas sim à palavra portuguesa para “rachadura”, como aquela que se abre numa pedra.

“É uma abertura para mostrar livros femininos, porque vendem muito menos que os homens”, explica à EFE a fundadora Lorena Travassos, sublinhando que muitos exemplares também estão à venda nas grandes livrarias, mas não têm tanta visibilidade.

IMPULSAR O FEMINISMO

A Greta não é apenas uma livraria, mas também um espaço de debate, leituras ou oficinas para dar visibilidade ao trabalho das mulheres e dar asas ao feminismo em Portugal, onde ainda há um longo caminho a percorrer, lamenta- disse.

“O feminismo é um tema que ainda precisa de ser muito debatido em Portugal, não está tão avançado como em Espanha ou em França. Mesmo entre as mulheres”, afirma Travassos, que espera que o seu projecto lhe possa dar impulso e defende que esta parte da educação é tão importante quanto vender livros.

A livraria, um pequeno espaço decorado com ilustrações e fotografias de mulheres, tem como foco o feminismo interseccional e em suas prateleiras coloridas estão exemplares escritos por mulheres cis e trans, além de autoras neutras em termos de gênero.

Com base na experiência com a livraria online, Travassos afirma que 99% dos seus clientes são mulheres, mas o espaço é aberto a todos e a abertura da loja física tem chamado a atenção de mais pessoas.

Porém, sua tarefa não é atrair mais homens. “São eles que precisam se interessar, precisam ler mais sobre as mulheres”, afirma. “Esse é o problema deles.”

“FALTAVA”

A primeira recepção à nova loja foi positiva: “Era claramente necessário”, disse à EFE Paula Castro, uma académica que veio a Greta incentivada pela filha Beatriz, uma estudante de doutoramento que investigava violação.

Castro considera que, mesmo que noutras livrarias as escritoras “também estejam à venda”, não têm a mesma visibilidade: “O caminho para chegar às mulheres é mais longo”.

Tem em mãos, recentemente adquirido, um exemplar: “Quarto de Lixo. Diário de uma Favelada”, da poetisa brasileira Carolina Maria de Jesus.

“Uma mulher que morava em uma favela, negra e brasileira, que escreveu há muito tempo este diário agora publicado e cuja vida tem uma visibilidade que ela não tinha quando o escreveu, acabou morrendo na pobreza”, disse. explicar.

Mariana e Camila, duas alunas que fazem parte de um grupo de amigos onde, dizem, lemos muito feminismo, também visitaram a nova livraria.

“As mulheres tiveram papéis importantes, mas sempre foram desvalorizadas e nunca tiveram um lugar só para elas”, sublinha Mariana, que acredita que em Portugal há um público cada vez mais vasto para a literatura feminista, especialmente entre as novas gerações.

Camila ressalta que é uma boa forma de dar visibilidade a autores que não são notados em outras livrarias. “Descobrimos novos escritores”, ela se alegra.

Paula Fernández

Filipa Câmara

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